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Sintomas não motores da Doença de Parkinson

Sintomas não motores da Doença de Parkinson são comuns, mas frequentemente negligenciados

A doença de Parkinson é mais comumente associada a problemas de movimento, como tremores e lentidão. No entanto, muitas pessoas também enfrentam uma série de dificuldades não relacionadas ao movimento, incluindo distúrbios do sono, questões digestivas, perda do olfato, transtornos de ansiedade, depressão e dor.1 Esses sintomas não motores podem surgir anos antes dos sintomas motores e ser igualmente incômodos e incapacitantes, mas tendem a receber menos atenção de pacientes e profissionais de saúde. Identificar e relatar esses problemas ao médico não só ajuda no diagnóstico precoce, mas também permite que eles sejam abordados no plano de tratamento, melhorando muito a qualidade de vida.1

O que é a Doença de Parkinson?

Mais frequente em pessoas a partir dos 60 anos, a doença de Parkinson acontece quando certos neurônios no cérebro começam a se deteriorar, principalmente aqueles que produzem dopamina, uma substância química essencial para o controle dos movimentos. A redução de dopamina leva a sintomas como 2:

  • Lentidão dos movimentos (bradicinesia);
  • Tremores de repouso nas mãos, braços, pernas, mandíbula ou cabeça;
  • Rigidez dos músculos;
  • Perda de equilíbrio.

Além desses problemas de movimento, a doença de Parkinson também afeta as habilidades mentais, o sono e pode causar outros problemas de saúde. A doença é progressiva, o que significa que os sintomas tendem a se intensificar ao longo dos anos. Embora não haja cura, existem tratamentos que podem reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida. O tratamento geralmente envolve uma combinação de medicamentos, terapias de suporte e mudanças no estilo de vida.2

Quais são os principais sintomas não motores da Doença de Parkinson?

Os sintomas não motores podem aparecer em qualquer estágio da doença de Parkinson, muitas vezes anos antes do surgimento dos sinais motores típicos. Entre eles, estão a perda do olfato, dificuldades com o sono, intestino preso, déficit de atenção, entre outros. Esses problemas muitas vezes passam despercebidos, mas prejudicam bastante a qualidade de vida da pessoa e contribuem para o avanço da doença de Parkinson. Portanto, é importante estar atento aos sintomas não motores, para que eles possam ser tratados de maneira eficaz se surgirem.3 Os mais comuns são:1-5

Problemas de sono – pessoas com doença de Parkinson frequentemente têm baixa qualidade de sono, com despertares noturnos (acordar diversas vezes durante a noite) e sonolência durante o dia. Além disso, também é comum apresentarem diferentes distúrbios do sono, tais como:

  • Transtorno comportamental do sono REM é um distúrbio no qual a pessoa “encena” o que está sonhando, podendo falar, gritar, socar ou chutar durante a fase de sono chamada de sono REM (movimento rápido dos olhos);
  • Transtorno do movimento periódico dos membros – movimentos involuntários das pernas ou braços durante o sono;
  • Síndrome das pernas inquietas – sensação desconfortável nas pernas e uma vontade incontrolável de movê-las, especialmente à noite;
  • Insônia – dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo;
  • Apneia do sono – pausas na respiração durante o sono, muitas vezes acompanhadas por roncos altos.

Perda do olfato (hiposmia) – é estimado que mais de 90% dos pacientes com doença de Parkinson apresentam esse sintoma, que pode surgir anos ou até décadas antes dos sintomas motores mais evidentes, servindo como um importante indicativo precoce para a doença. Uma vez que o paladar é aprimorado pelo olfato, a dificuldade em identificar e diferenciar odores pode levar a uma redução do prazer pela comida e do apetite.

Dor – a dor na doença de Parkinson pode ocorrer em áreas específicas do corpo ou ser sentida de forma generalizada.

Questões de saúde mental – as alterações químicas no cérebro que causam o Parkinson, somadas aos desafios diários da doença, impactam o bem-estar emocional dos pacientes, que são mais suscetíveis a desenvolver depressão e transtornos de ansiedade, dificultando ainda mais o manejo da doença.

Funções mentais prejudicadas – inclui redução na capacidade de processar informações, resolver problemas, manter o foco, lembrar de eventos, se comunicar ou realizar outras tarefas mentais. Isso pode piorar com o tempo e, nos estágios mais avançados da doença, evoluir para demência.

Fadiga – a sensação de cansaço profundo que não melhora com repouso é um sintoma frequente na doença de Parkinson. A causa nem sempre é conhecida, mas pode estar relacionada a vários fatores, incluindo depressão, distúrbios do sono e o esforço necessário para realizar atividades diárias.

Alterações na pressão arterial – um problema comum na doença de Parkinson é a hipotensão ortostática, que é a queda repentina da pressão arterial quando a pessoa fica de pé, causando tontura ou vertigem.

Problemas urinários – incluindo incapacidade de controlar a urina ou dificuldade para urinar.

Problemas gastrointestinais – tais como intestino preso e náuseas.

Problemas de fala e deglutição – pode haver dificuldade para mastigar, comer, falar ou engolir.

Dificuldades relacionadas ao sexo – diminuição do desejo ou do desempenho sexual são queixas frequentes entre pessoas com doença de Parkinson.

Sudorese excessiva – a regulação da temperatura do corpo pode ficar descontrolada, levando a episódios repentinos de suor e problemas relacionados à sudorese.

Como é o tratamento e a gestão dos sintomas não motores da Doença de Parkinson?

É fundamental discutir com seu médico não apenas os sintomas motores, mas também os sintomas não motores que você apresente, para que ele possa sugerir estratégias para gerenciá-los. O tratamento da doença de Parkinson envolve profissionais de diferentes especialidades, como médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicoterapeutas e outros especialistas. O manejo dos sintomas não motores varia de acordo com cada sintoma específico, podendo incluir o uso de medicamentos e abordagens não farmacológicas3-6, como:

Mudanças no estilo de vida – exercícios físicos regulares melhoram mobilidade, cognição e sono, além de reduzir estresse e ansiedade. Uma dieta equilibrada, rica em fibras e com adequada ingestão de água, também é importante para evitar problemas intestinais.

Intervenções específicas – por exemplo, a fisioterapia ajuda a tratar dores musculares, enquanto a psicoterapia pode ser útil para lidar com sintomas emocionais, como depressão e ansiedade.


Referências:

1. KUMARESAN, Maithrayie; KHAN, Safeera. Spectrum of Non-Motor Symptoms in Parkinson’s Disease. National Library of Medicine, 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7949722/. Acesso em: 09/07/2024.

2. PARKINSON’S disease: Causes, Symptoms, and Treatments. National Institutes on Aging, 2022. Disponível em: https://www.nia.nih.gov/health/parkinsons-disease/parkinsons-disease-causes-symptoms-and-treatments. Acesso em: 09/07/2024.

3. GUPTA, Shivangi; SHUKLA, Shubha. Non-motor symptoms in Parkinson’s disease: Opening new avenues in treatment. Science Direct, 2021. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S266651822100036X. Acesso em: 09/07/2024.

4. NON-MOVEMENT Symptoms. Parkinson’s Foundation. Disponível em: https://www.parkinson.org/understanding-parkinsons/non-movement-symptoms. Acesso em: 09/07/2024.

5. PARKINSON’S disease. Mayo Clinic, 2024. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/parkinsons-disease/symptoms-causes/syc-20376055. Acesso em: 09/07/2024.

6. CARROLL, Vincent; ROSSITER, Rachel; BLANCHARD, Denise. Non-motor symptoms of Parkinson’s disease. Royal Australian College of General Practitioners, 2021. Disponível em: https://www1.racgp.org.au/ajgp/2021/november/symptoms-of-parkinsons-disease. Acesso em: 09/07/2024.

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