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O que são as flutuações da doença de Parkinson?

O que são as flutuações da doença de Parkinson?

O tratamento da doença de Parkinson é difícil porque, mesmo após o paciente e o médico encontrarem um medicamento que controle os sintomas, há complicações que podem surgir em longo prazo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).1 Embora o benefício do tratamento com a levodopa seja efetivo na fase inicial, ele pode sofrer inconstâncias com a progressão da doença, especialmente a partir do terceiro ano da condição. Dessa forma, o paciente pode ser afetado por flutuações da doença de Parkinson – motoras e não motoras.1

As flutuações são alterações nos sintomas durante o dia, uma vez que os sinais da condição podem passar do estado controlado (quando os medicamentos para tratar a doença de Parkinson começam a fazer efeito e estão “on“), para mudanças na capacidade de se movimentar (período “off“). Nesse momento em que o efeito do remédio cai, os sintomas característicos da doença neurodegenerativa se tornam subitamente mais perceptíveis.2

Além dos extremos “on” e “off“, há a flutuação dos sinais da doença. Chamada de “wearing off“, ela consiste na decadência do efeito da levodopa, por exemplo, que é um dos medicamentos utilizados no tratamento, que afeta o controle dos sintomas. Por fim, há também o efeito colateral dos picos de ação dos remédios, chamado de discinesia e caracterizado por movimentos involuntários.2

No geral, quando as flutuações da doença de Parkinson começam a aparecer, elas tendem a ocorrer de maneira pontual, em uma hora do dia específica. Contudo, com a evolução da doença, podem se tornar mais frequentes. Segundo a SBGG, essas complicações são mais comuns em pacientes mais idosos.1

Causas das flutuações motoras e não motoras da doença de Parkinson

De acordo com a Parkinson’s Foundation, há dois motivos pelos quais as flutuações da doença de Parkinson podem acontecer: o avanço da doença e a sensibilidade ao medicamento.2

No primeiro ponto, a organização afirma que,quanto mais a condição progride, menos capazes de armazenar dopamina estão as células do paciente. Dessa forma, ficam reféns dos medicamentos para liberar essa substância. Quando a dose do remédio no organismo diminui, não há mais dopamina para ser utilizada e isso desencadeia as flutuações motoras e não motoras.2

Já na segunda razão do aparecimento dessas alterações, está no fato de que as células do cérebro de uma pessoa com a doença de Parkinson tendem a se tornar mais sensíveis – tanto a concentrações mais altas quanto mais baixas de levodopa. Assim, quando os níveis do medicamento estão muito baixos, o paciente tem uma maior probabilidade de experimentar “off“, com a volta dos sintomas. Já quando os níveis de levodopa estão muito altos, no pico da dose, há mais chances de a pessoa experimentar discinesia, que são os movimentos anormais e involuntários.2

Flutuações motoras da doença de Parkinson

As flutuações motoras ocorrem nos períodos de transição entre o pico e o final do efeito do medicamento utilizado para tratar a doença de Parkinson, chamados de momentos “on” e “off“. Dessa forma, o movimento se torna mais difícil. No entanto, há flutuações motoras características e conhecidas, listadas abaixo.2

  • Distonia – É a contração contínua de músculos do corpo, que costuma ocorrer no final do efeito da dose do medicamento, momento conhecido como “off“. No entanto, também pode acontecer no pico, momento “on“. Essa contração pode ser tão forte que tende a fazer com que partes do corpo fiquem retorcidas.2

  • Congelamento – Assim como o nome sugere, é a incapacidade de uma pessoa com a doença de Parkinson se mexer, fazendo com que fique temporariamente parada em um lugar.2   Esse fenômeno não atinge todos os movimentos. A capacidade de pegar um objeto com as mãos, por exemplo, não é afetada pelo congelamento.3

  • Discinesia – Também costuma ocorrer no pico do efeito da levodopa, mas afeta cada paciente de formas e intensidades variadas. Há casos em que uma pessoa sofre com discinesia durante o dia todo.3   Ela é caracterizada por movimentos involuntários, que podem se manifestar de diversas formas, como tiques, distonia e mobilidade de partes do rosto (discinesia orofacial).1

Por exemplo, são movimentos característicos da discinesia os espasmos, contrações e as contorções de regiões do corpo como a mandíbula, o pescoço, o rosto, as mãos e os braços.3

Segundo a SBGG, as discinesias provavelmente acontecem pela superestimulação de alguns receptores responsáveis pela comunicação entre neurônios, acarretada como efeito do uso do medicamento.1

Flutuações não motoras da doença de Parkinson

Além das flutuações na doença de Parkinson, há também aquelas que envolvem sinais não motores, como alterações de humor e sudorese.1   No período chamado de “wearing off“, à medida que o efeito dos medicamentos diminui, os portadores da condição podem sentir:2

Flutuações de humor – são comuns, frequentemente caracterizadas como um estado geral de insatisfação com a vida. No entanto, podem se manifestar por meio da irritabilidade;2

Ansiedade – muitas pessoas experimentam ansiedade à medida que seus medicamentos começam a perder efeito;2

Depressão – assim como em outras alterações de humor, esse tipo de flutuação pode aparecer perto do final do ciclo de dosagem do medicamento contra a doença de Parkinson.2

Controle das flutuações motoras e não motoras da doença de Parkinson

Há maneiras de controlar as flutuações da doença de Parkinson, como o ajuste das doses2, o fracionamento das doses e a combinação de medicamentos.4   Nesses casos, recomenda-se que o paciente tenha seu quadro reavaliado e o tratamento revisado para que esses sinais sejam amenizados.5

Nos casos de flutuações não motoras, além do ajuste da medicação, a psicoterapia também pode ser útil no tratamento do paciente.2


Referências:

1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Manejo das complicações motoras da Doença de Parkinson. Disponível em: https://www.sbgg-sp.com.br/manejo-das-complicacoes-motoras-na-doenca-de-parkinson/. Acesso em: 21 jul. 2024.

2. PARKINSON’S FOUNDATION. Motor fluctuations. Disponível em: https://www.parkinson.org/library/fact-sheets/motor-fluctuations#:~:text=Motor%20fluctuations%20are%20changes%20in,can%20move%20and%20function%20well. Acesso em: 21 jul. 2024.

3. PARKINSON’S UK. Dyskinesia and wearing off. Disponível em: https://www.parkinsons.org.uk/information-and-support/dyskinesia-and-wearing. Acesso em: 21 jul. 2024.

4. ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA. Doença de Parkinson: recomendações. Disponível em: https://neurologiahu.ufsc.br/files/2012/08/Manual-de-recomendações-da-ABN-em-Parkinson-2010.pdf. Acesso em: 3 ago. 2024.

5. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolos e Diretrizes Terapêuticas para a Doença de Parkinson. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/pcdt_doenca_de_parkinson_2017-1.pdf. Acesso em: 21 jul. 2024.


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