Quais são as abordagens de tratamento para a Doença de Parkinson além da medicação?
A doença de Parkinson afeta as células do cérebro, causando principalmente sintomas relacionados ao movimento, como tremores, lentidão de movimentos e rigidez muscular. Além disso, pode levar a uma variedade de outros problemas, incluindo distúrbios do sono, depressão e dificuldades de memória e pensamento1.
Embora ainda não seja possível curar ou parar o avanço da doença, existem formas de controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. O principal tratamento dos sintomas é farmacológico, mas é importante associá-lo a outras terapias, como fisioterapia, fonoaudiologia e outras. Manter hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, também é fundamental. Em alguns casos, diferentes tipos de cirurgia podem ser considerados para melhorar o controle dos movimentos.1, 2
Quais são as opções de cirurgias e tratamentos avançados para a Doença de Parkinson?
Cirurgias ou procedimentos não cirúrgicos são geralmente considerados quando a medicação sozinha não controla adequadamente os sintomas da doença de Parkinson. Essas abordagens são indicadas após uma avaliação completa realizada por uma equipe multidisciplinar, que considera o tipo e a gravidade dos sintomas, além da saúde geral do paciente. A decisão pondera os benefícios e riscos, garantindo que o paciente seja um candidato adequado e esteja ciente dos possíveis resultados.3
Estimulação cerebral profunda – essa cirurgia envolve a colocação de eletrodos em áreas específicas do cérebro que controlam o movimento. Estes eletrodos são conectados a um dispositivo semelhante a um marca-passo, colocado debaixo da pele no tórax. O dispositivo envia impulsos elétricos contínuos para estimular aquela parte do cérebro. Os pacientes ficam com um controle externo e, nos meses seguintes a cirurgia, devem retornar regularmente ao médico para ajustar a estimulação.4
- Possíveis benefícios da estimulação cerebral profunda
- Redução dos sintomas motores, como tremor, lentidão de movimentos e rigidez muscular;3
- Diminuição das doses de medicamentos necessárias;3
- Configurações de estimulação podem ser modificadas para diminuir potenciais efeitos colaterais e melhorar a eficácia desse tratamento ao longo do tempo.4
- Possíveis indicações para a estimulação cerebral profunda
- Tremor refratário a medicamentos5
- Sintomas que retornam rapidamente após o efeito dos medicamentos passar (wearing off);5
- Sintomas que poderiam ser melhorados com doses mais altas de medicamentos, mas isso não é possível devido aos efeitos colaterais.5
Palidotomia – nessa cirurgia, são feitas pequenas lesões em uma parte específica do cérebro chamada globo pálido, o que ajuda a aliviar alguns sintomas motores da doença de Parkinson.4
- Possíveis benefícios da palidotomia4
- Redução de tremores, rigidez e movimentos lentos;
- Melhora da marcha e do equilíbrio;
- Diminuição da necessidade de medicamentos.
- Possíveis indicações para a palidotomia3
- Sintomas motores graves;
- Sintomas que não respondem bem aos medicamentos.
Talamotomia – a talamotomia é semelhante à palidotomia, mas o alvo aqui é o tálamo, uma parte do cérebro onde os tremores começam. Atualmente, a talamotomia pode ser realizada de forma não invasiva por meio do ultrassom focalizado, uma técnica que utiliza feixes de ultrassom de alta intensidade para atingir áreas específicas do tecido cerebral. Essa abordagem oferece alta precisão e apresenta menores riscos em comparação com a cirurgia aberta.6
- Possíveis benefícios da talamotomia6
- Redução de tremores.
- Redução de tremores.
- Possíveis indicações para a talamotomia6
- Tremores graves em um dos lados do corpo.
Estimulação magnética transcraniana – uma bobina eletromagnética colocada sobre o couro cabeludo, sem intervenção cirúrgica, emite pequenos pulsos magnéticos para a estimulação de áreas no cérebro afetadas pela doença. Embora seja mais conhecida por seu uso na depressão grave, essa técnica também tem se mostrado promissora na melhora de sintomas da doença de Parkinson. Contudo, mais estudos são necessários para validar seus benefícios nesse contexto.7
- Possíveis benefícios da estimulação magnética transcraniana7
- Melhora dos sintomas motores;
- Melhora de sintomas depressivos.
- Possíveis indicações para a estimulação magnética transcraniana7
- Quando os medicamentos tradicionais não funcionam bem ou causam muitos efeitos colaterais.
Qual o papel das terapias de reabilitação para a Doença de Parkinson?
A reabilitação é parte essencial do tratamento da doença de Parkinson em todos os estágios, complementando o uso da medicação. Uma equipe especializada, composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, entre outros profissionais, contribui para reduzir os sintomas e facilitar as atividades do dia a dia. Isso permite que os pacientes se mantenham ativos, independentes e com melhor qualidade de vida. A seguir, descubra como cada uma dessas terapias contribui para o manejo da doença de Parkinson.7
Fisioterapia – a fisioterapia para pessoas com doença de Parkinson envolve exercícios e técnicas específicas para melhorar o movimento e a capacidade física, ajudando a manter a independência nas atividades diárias. Ela também foca na prevenção de quedas, na função respiratória e no controle da dor, importantes para o cuidado com a doença. Um fisioterapeuta pode criar um plano de exercícios personalizado para atender às necessidades de cada paciente.8
Objetivos da fisioterapia na doença de Parkinson:8
- Manter ou melhorar a caminhada, a postura e o equilíbrio;
- Facilitar atividades manuais, como alcançar e agarrar;
- Aumentar a flexibilidade e a força muscular;
- Facilitar transferências, como se levantar da cadeira ou sair da cama;
- Reduzir o risco de quedas, comuns em pessoas com doença de Parkinson;
- Aliviar dores ou rigidez nas articulações ou músculos;
- Manter a função respiratória por meio de exercícios respiratórios.
Terapia ocupacional – a terapia ocupacional ajuda pessoas com doença de Parkinson a manter a autonomia nas tarefas do dia a dia. Durante as consultas, o terapeuta ocupacional identifica dificuldades e propõe soluções práticas para facilitar ações como vestir-se, cozinhar e usar um telefone celular. Podem ser sugeridas tecnologias assistivas ou adaptações em casa ou no local de trabalho.6
Objetivos da terapia ocupacional na doença de Parkinson:2, 9
- Identificar dificuldades e criar estratégias para facilitar atividades do dia a dia, como se vestir, escrever ou cozinhar;
- Sugerir dispositivos e equipamentos, como talheres estabilizadores de tremor e teclados adaptáveis para computador;
- Recomendar adaptações em casa, como reorganizar espaços para facilitar a mobilidade e garantir a segurança;
- Otimizar a postura para atividades como comer e escrever;
- Oferecer estratégias de autocuidado para o gerenciamento de ansiedade, fadiga, problemas de memória e problemas de sono.
Fonoaudiologia – a doença de Parkinson afeta os músculos da face, boca e garganta, frequentemente levando a mudanças na voz, dificuldade em falar (disartria) e dificuldade em engolir (disfagia). Fonoaudiólogos ensinam exercícios e técnicas de treinamento muscular que ajudam a superar os problemas de comunicação e alimentação.10
Objetivos da fonoaudiologia na doença de Parkinson:10
- Ensino de técnicas e recursos para aumentar o volume da voz e melhorar a articulação das palavras;
- Ao melhorar a clareza da comunicação, aumentar a autoconfiança e a interação social;
- Ensino de técnicas para engolir com mais facilidade e segurança, prevenindo engasgos e aspiração de alimentos.
Cada pessoa deve, junto com seu médico, avaliar quais tratamentos são mais adequados para o seu caso.
Referências:
1. PARKINSON’S Disease. Cleveland Clinic, 2022. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/8525-parkinsons-disease-an-overview#management-and-treatment. Acesso em: 15/07/2024.
2. Foltynie, Tom; Bruno, Veronica; FOX, Susan; Kühn, Andrea; Lindop, Fiona; Lees, Andrew. Medical, surgical, and physical treatments for Parkinson’s disease. The Lancet, 2024. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(23)01429-0/fulltext. Acesso em: 15/07/2024.
3. PARKINSON’S Disease. American Association of Neurological Surgeons, 2024. Disponível em: https://www.aans.org/patients/conditions-tr7eatments/parkinsons-disease/. Acesso em: 15/07/2024.
4. PARKINSON’S Disease. National Institute of Neurological Disorders and Stroke, 2024. Disponível em: https://www.ninds.nih.gov/health-information/disorders/parkinsons-disease#toc-how-is-parkinson-s-disease-diagnosed-and-treated-. Acesso em: 15/07/2024.
5. DEEP Brain Stimulation. Johns Hopkins Medicine. Disponível em: https://www.hopkinsmedicine.org/health/treatment-tests-and-therapies/deep-brain-stimulation. Acesso em: 15/07/2024.
6. Brazier, Yvette. Treatment options for Parkinson’s disease. 2021. Medical News Today, 2021. Disponível em: https://www.medicalnewstoday.com/articles/323462. Acesso em: 15/07/2024.
7. Zhang, Wenjie; Deng, Bin; Xie, Fen; Zhou, Hang; Guo, Ji-Feng; Jiang, Hong; Sim, Amy; Tang, Beisha; Wang, Qing. Efficacy of repetitive transcranial magnetic stimulation in Parkinson’s disease: A systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. The Lancet, 2022. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/eclinm/article/PIIS2589-5370(22)00319-4/fulltext. Acesso em: 15/07/2024.
8. KEUS, Samyra; MUNNEKE, Marten; GRAZIANO, Mariella, Paltamaa, JAANA; PELOSIN, Elisa; DOMINGOS, Josefa; Brühlmann, Susanne; RAMASWAMY, Bhanu; PRINS, Jan; STRUIKSMA, Chris; ROCHESTER, Lynn; NIEUWBOER, Alice; BLOEM, Bastiaan. European Physiotherapy Guideline for Parkinson’s disease. Parkinson Net, 2014. Disponível em: https://www.parkinsonnet.nl/app/uploads/sites/3/2019/11/eu_guideline_parkinson_guideline_for_pt_s1.pdf. Acesso em: 15/07/2024.
9. HOW to treat Parkinson’s disease symptoms with occupational therapy. American Parkinson Disease Association, 2021. Disponível em: https://www.apdaparkinson.org/article/occupational-therapy-for-parkinsons/. Acesso em: 15/07/2024.
10. PHYSICAL, Occupational & Speech Therapies. Parkinson’s Foundation. Disponível em: https://www.parkinson.org/living-with-parkinsons/treatment/physical-occupational-speech-therapies. Acesso em: 15/07/2024.
BR-ZAMB-CNS-2400013