Áreas Terapêuticas

Quais as causas da doença de Parkinson? Entenda os primeiros sinais.

Quais as causas da doença de Parkinson? Entenda os primeiros sinais.

Na doença de Parkinson, alguns sintomas são bastante conhecidos, como os tremores e a rigidez muscular. As causas da doença, no entanto, já não são tão disseminadas. Isso porque pesquisadores ainda estudam exatamente o que desencadeia a condição, que é degenerativa, crônica e progressiva e que atinge o sistema nervoso central.1

Segundo a Associação Americana da Doença de Parkinson, estima-se que 15% dos casos estejam ligados a causas genéticas, especialmente à mutação de um gene chamado LRRK2.2  Ainda assim, a maioria dos portadores não desenvolvem o Parkinson por questões hereditárias.2

A doença também está fortemente associada ao processo de envelhecimento. No Brasil, o Parkinson afeta cerca de 200 mil pessoas3, o que significa algo entre 100 e 200 casos a cada 100 mil habitantes.4  Contudo, a incidência da condição aumenta de cinco a dez vezes conforme uma pessoa passa dos seus 60 anos para os 90 anos.1

Há ainda uma influência significativa de fatores ambientais no risco de desenvolver a doença. Entre eles, estão aspectos como: contato com pesticidas e solventes, por exemplo, substâncias muito utilizadas em algumas profissões.2

Dessa forma, os três fatores que podem ser causas da doença de Parkinson são, em resumo:2,5

  • Genética – como mutação do gene LRRK2;
  • Ambiente – como contato com algumas substâncias químicas;
  • Idade – o envelhecimento aumenta a predisposição à doença.

Quais os primeiros sinais da doença de Parkinson?

Por não ter causas definidas nem prevenção clara, a doença de Parkinson é diagnosticada apenas quando sintomas motores já são claros, como por exemplo o tremor, a rigidez muscular e a lentidão de movimentos. Mas, nesse estágio, a condição já está bastante desenvolvida – estudos apontam que, quando sinais são detectados, provavelmente já ocorreu a perda de aproximadamente 60% dos neurônios dopaminérgicos, mecanismo que causa a doença.6

Há sintomas não tão conhecidos que podem indicar o início da doença de Parkinson, mas que muitas vezes passam despercebidos por não serem associados a esta condição. Chamados de sinais prodrômicos, eles podem se manifestar de forma sutil.  São eles6-8:

  1. Mudanças no olfato. Podem aparecer meses ou anos antes dos sintomas tradicionais da doença de Parkinson. No geral, a pessoa pode ter a sensibilidade reduzida para cheiros, chegando até a perda do olfato. Distorções em alguns odores também podem acontecer.
  2. Distúrbios do sono. Uma pessoa em estágio inicial da doença de Parkinson pode ter dificuldade de adormecer, sintoma conhecido como insônia primária. Contudo, esse sinal é menos comum do que a incapacidade de permanecer dormindo, a chamada insônia secundária.7
  3. Problemas intestinais como constipação. Estudos indicam que o aparelho digestivo é afetado bem no início da doença de Parkinson, muito antes dos sintomas motores aparecerem. Isso porque a condição tem início no trato gastrointestinal e depois se espalha para o cérebro através do nervo vago, segundo pesquisas.6  No intestino, o Parkinson retarda o movimento automático do sistema digestivo. Dessa forma, os primeiros sinais da doença podem ser tão sutis quanto uma constipação ou a sensação de que o intestino está mais lento que o normal.7
  4. Tontura. Antes mesmo dos problemas de equilíbrio e dificuldade de manter a postura do corpo aparecerem, uma pessoa com a doença de Parkinson pode sentir tontura ou sensação de que parece que vai desmaiar. Isso acontece especialmente na troca de posições, quando o indivíduo se levanta. O motivo é a falta de capacidade do corpo de regular rapidamente a pressão arterial.7
  5. Alterações menos óbvias dos movimentos. Já como início dos sintomas motores, uma pessoa pode enfrentar alterações na voz, que tende a ficar mais baixa e sem entonação, e na fala, como a lentidão para emitir as palavras. Acredita-se que isso se deva, pelo menos em parte, à bradicinesia, dificuldade de realizar movimentos voluntários característica do Parkinson.7

A mudança na caligrafia também pode ser um sinal inicial da doença, uma vez que a letra tende a ficar menor e menos padronizada pela dificuldade leve na escrita. Da mesma forma, é possível que uma pessoa em estágio inicial da doença de Parkinson tenha alterações no sistema urinário, como mais dificuldade de segurar o xixi.8

Como a doença de Parkinson evolui?

Embora alguns sinais sejam mais comuns no início da doença de Parkinson, a condição é considerada heterogênea9, de forma que pode progredir em velocidades diferentes de pessoa a pessoa. Segundo o Ministério da Saúde, a evolução é regular e não costuma ter mudanças dramáticas, ou seja, de uma hora para a outra.8

No geral, os primeiros sinais podem se confundir com outros problemas mais cotidianos, como constipação, alteração no olfato, tontura, mudanças na voz e dificuldade para ter uma boa noite de sono. Depois disso, com a evolução da doença, os sintomas motores5 tendem a aparecer. Eles se dividem em três:

  1. Bradicinesia: se refere à redução da velocidade e da amplitude dos movimentos de uma pessoa com doença de Parkinson. Na prática, pode ser percebido na demora que o indivíduo leva para fazer o que antes fazia de maneira mais fácil, como banhar-se, vestir-se e cozinhar.8
  2. Rigidez muscular: também dificulta os movimentos, uma vez que os membros estão contraídos8.
  3. Tremor em repouso: apesar de ser o sintoma mais conhecido, não acomete todos os pacientes com doença de Parkinson – cerca de 30% dos indivíduos com a doença não apresentam esse sinal.1  Os tremores costumam afetar as mãos e dedos, mas também podem atingir o queixo, a cabeça e os pés. No geral, não são simétricos, ou seja, podem atingir apenas um lado do corpo. Mas se tomam os dois lados, tendem a ser mais intensos em um deles. Chamado de tremor de repouso, esse sintoma só aparece quando a pessoa não está em movimento, podendo variar durante o dia8.

Evolução dos sintomas motores

Conforme a doença de Parkinson evolui, é possível perceber que os movimentos de seu portador ficam cada vez mais lentos. Além disso, pelas dificuldades motoras, ele tende a andar com o corpo inclinado para frente, sem mexer os braços enquanto caminha e arrastando os pés. Pela instabilidade da postura, quedas podem ser frequentes em estágios mais avançados.1,7   Há ainda a possibilidade de apresentar discinesias, que são movimentos involuntários do corpo, característica mais frequente em pacientes que usam medicação dopaminérgica. 10

No rosto, a dificuldade muscular faz com que a face fique inexpressiva. A fala também pode tornar-se rápida. Assim, o portador tende a aglomerar palavras ou gaguejar. Além da dificuldade para engolir alimentos, a pessoa pode ter a sensação de acúmulo de saliva na boca.1  Por fim, o olho fica mais seco, porque o indivíduo deixa de piscar em média 16 vezes por minuto e passa a piscar uma ou duas vezes nesse mesmo período.7

Outros sintomas do Parkinson avançado

Além dos sintomas motores, uma pessoa com Parkinson em estágio avançado ou um idoso com a doença pode apresentar também alterações cognitivas. Segundo a Associação Americana da Doença de Parkinson, é possível perceber mudanças no julgamento, no raciocínio e na capacidade de elaborar ideias.7


Referências:

1. Ministério da Saúde. Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson: avançar, melhorar, educar, colaborar!Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/11-4-dia-mundial-de-conscientizacao-da-doenca-de-parkinson-avancar-melhorar-educar-colaborar/. Acesso em: 02 jul. 2024.


2. Ministério da Saúde. PORTARIA CONJUNTA No 10, DE 31 DE OUTUBRO DE 2017. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/pcdt/arquivos/2022/portaria-conjunta-no-10-2017-pcdt-doenca-de-parkinson.pdf. Acesso em: 02 jul. 2024.


3. Ministério da Saúde. Doença de Parkinson. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-parkinson/#:~:text=Diagnóstico%3A%20o%20diagnóstico%20da%20doença,ou%20para%20a%20sua%20prevenção. Acesso em: 02 jul. 2024.


4. HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Guia de doenças e sintomas: Parkinson. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/parkinson. Acesso em: 02 jul. 2024. 


5. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DA DOENÇA DE PARKINSON. What causes Parkinson’s Disease. Disponível em: https://www.apdaparkinson.org/what-is-parkinsons/causes/. Acesso em: 02 jul. 2024.


6. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DA DOENÇA DE PARKINSON. Common symptoms of Parkinson’s Disease. Disponível em: https://www.apdaparkinson.org/what-is-parkinsons/symptoms/. Acesso em: 02 jul. 2024.


7. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Dia mundial da conscientização sobre a Doença de Parkinson. Disponível em: https://sbgg.org.br/dia-mundial-de-conscientizacao-sobre-a-doenca-de-parkinson/. Acesso em: 02 jul. 2024.


8. PORTAL DE PERIÓDICOS UNIFESP. Doença de Parkinson: uma perspectiva neurofisiológica. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br › article › download PDF. Acesso em: 02 jul. 2024.


9. NIELSEN, M. SANTOS, Y. GERING, E. SANTANA, L. SOUZA, J. Sinais prodrômicos na Doença de Parkinson. Disponível em: http://revista.redeunida.org.br/ojs/index.php/cadernos-educacao-saude-fisioter/article/view/1944. Acesso em: 02 jul. 2024.


10. LEAL, D. DIAS, C. RAMOS, R. BRYS, I. Predição de discinesia em pacientes com doença de Parkinson usando algoritmos de aprendizado de máquina. Disponível em: https://portais.univasf.edu.br/noticias/artigo-de-pesquisadores-da-univasf-sobre-doenca-de-parkinson-e-publicado-pela-revista-scientific-reports-da-nature. Acesso em: 08 jul. 2024.


BR-ZAMB-CNS-2400006