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Como é feito o diagnóstico da Doença de Parkinson?

Como é feito o diagnóstico da Doença de Parkinson?

Rigidez muscular, tremor em repouso e bradicinesia (lentidão dos movimentos). Esses são alguns dos sintomas que podem indicar o aparecimento da doença de Parkinson, condição degenerativa, crônica e progressiva do sistema nervoso central que afeta cerca de 200 mil pessoas1  no Brasil, uma prevalência de 100 a 200 casos a cada 100 mil habitantes.2 No entanto, não há nenhum teste específico para confirmar o diagnóstico da doença de Parkinson, segundo o Ministério da Saúde.3

Dessa forma, quando há suspeita da condição, a orientação é que a pessoa busque um profissional da saúde capacitado para analisar o histórico de sintomas – no geral, o especialista indicado é o neurologista. O médico também pode solicitar alguns exames para confirmar o diagnóstico da doença de Parkinson, a depender do quadro.4

Tipos de Parkinsonismos: típico, secundário e plus5

Na Síndrome de Parkinson, há três tipos de parkinsonismo: a doença de Parkinson, o parkinsonismo secundário e o parkinsonismo atípico (ou plus). Entenda abaixo.

Parkinsonismo típico – A doença de Parkinson geralmente se desenvolve devido a perda progressiva de neurônios em uma parte do cérebro chamada de substância negra. Essa degeneração causa a diminuição na produção de dopamina, que é um neurotransmissor importante no controle dos movimentos do corpo. Isso pode acontecer tanto por fatores hereditários quanto por causas desconhecidas.5

Parkinsonismo secundário – Geralmente acontece como efeito colateral de alguns medicamentos ou como consequência de algum distúrbio ou trauma. Dessa forma, os sintomas tendem a desaparecer alguns meses após a retirada do remédio, por exemplo. Costumam causar o parkinsonismo secundário os seguintes agentes:5

  • Medicamentos neurolépticos ou antipsicóticos, ou seja, que atuam no Sistema Nervoso Central, entre outros;
  • Exposição a substâncias externas, como herbicidas e monóxido de carbono, por exemplo;
  • Doença Vascular Cerebral;
  • Infecções, com encefalite viral, neurocisticercose e AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida);
  • Traumas no crânio;
  • Hidrocefalia;
  • Hipoparatiroidismo.

Parkinsonismo plus ou atípico – Tem como causa outras condições difíceis de serem distinguidas da doença de Parkinson, uma vez que se desenvolvem na mesma faixa etária e são esporádicas. No entanto, nesses casos, os sintomas costumam se instalar de maneira simétrica, atingindo igualmente os dois lados do corpo, e podem não incluir os tremores, diferente da doença de Parkinson típica. Algumas doenças que causam esse tipo de parkinsonismo são:5

  • Paralisia supranuclear progressiva;
  • Atrofia de múltiplos sistemas;
  • Degeneração córtico-basal;
  • Demência com corpos de Lewy.

Quais os critérios de diagnóstico clínico da Doença de Parkinson?

Em uma consulta com um neurologista, o profissional pode recorrer a algumas maneiras de coletar informações que o ajudem a confirmar o diagnóstico de Parkinson, conforme listado abaixo:6

1. Histórico de sintomas: na primeira etapa, o médico conversa com o paciente para identificar os sinais da doença que ele apresenta, determinar quando esses sintomas começaram a se manifestar, entender como progrediram e verificar se o paciente está tomando algum medicamento.4

2. Exame físico: na segunda etapa, o neurologista realiza uma série de testes físicos para analisar os sintomas6  apresentados pelos pacientes. São eles:

  • Tremor em repouso;
  • Rigidez muscular;
  • Bradicinesia (lentidão dos movimentos);
  • Diminuição da amplitude dos movimentos;
  • Instabilidade postural (distúrbio do equilíbrio);
  • Falta de equilíbrio;
  • Hipomimia (redução dos movimentos faciais);
  • Micrografia (redução do tamanho da letra/caligrafia);
  • Constipação;
  • Suor em excesso;
  • Urgência para urinar;
  • Sialorréia (salivação excessiva);
  • Distúrbios do sono;
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Dor.

Para analisar a presença desses sinais, o médico pode:7

✔ Medir a pressão arterial;

✔ Examinar a expressão facial; 

✔ Observar se o paciente consegue levantar da cadeira;

✔ Analisar o equilíbrio e o padrão de caminhada;

✔ Avaliar as habilidades cognitivas.7

Nesse processo, o profissional pode utilizar alguma das escalas conhecidas no meio científico para identificar, por meio da percepção do neurologista e também do paciente, quais os sinais da condição presentes. Atualmente, duas escalas são mais usadas devido à sua confiabilidade:8

Escala de Hoehn e Yahr, que analisa a severidade da doença de Parkinson ao examinar o nível de comprometimento motor, do equilíbrio corporal e de incapacidade funcional.9

Escala unificada de avaliação da doença de Parkinson (UPDRS), que se baseia em quatro módulos – aspectos não motores de experiência de vida diária, aspectos motores da experiência de vida diária, avaliação motora e complicações motoras.10,11

3. Pedido de exames complementares: caso as informações coletadas ainda não sejam suficientes para confirmar o diagnóstico, o médico pode pedir para o paciente realizar alguns exames complementares. No geral, esses testes servem tanto para descartar outras doenças cujos sintomas são compartilhados com a doença de Parkinson, quanto para auxiliar na confirmação da condição.4

O que são biomarcadores e quais deles podem indicar Doença de Parkinson?

Um biomarcador é algum elemento do organismo capaz de ser medido e que pode indicar a presença de uma doença. No geral, eles podem ser identificados por teste laboratorial, de imagem ou clínico.12

Existem exames que identificam biomarcadores que mostram a redução da função da dopamina. Um deles é um teste no líquido cefalorraquidiano (SYNTap) e o outro requer um conjunto de biópsias de pele (Syn-One). No entanto, eles não são rotineiros, segundo a Academia Brasileira de Neurologia.4

Além disso, a Associação Americana da Doença de Parkinson7  afirma que não há consenso sobre um biomarcador adequado para auxiliar no diagnóstico da condição. Segundo a entidade, esses exames estão passando por avaliações adicionais para determinar a melhor forma de utilizá-los na prática médica. Por enquanto, os testes clínicos seguem sendo o padrão-ouro para o diagnóstico da doença de Parkinson.


Referências:

1. Ministério da Saúde. Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson: avançar, melhorar, educar, colaborar! Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/11-4-dia-mundial-de-conscientizacao-da-doenca-de-parkinson-avancar-melhorar-educar-colaborar/. Acesso em: 25 jun. 2024.

2. Ministério da Saúde. PORTARIA CONJUNTA No 10, DE 31 DE OUTUBRO DE 2017. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/pcdt/arquivos/2022/portaria-conjunta-no-10-2017-pcdt-doenca-de-parkinson.pdf. Acesso em: 25 jun. 2024.

3. Ministério da Saúde. Doença de Parkinson. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-parkinson/#:~:text=Diagnóstico%3A%20o%20diagnóstico%20da%20doença,ou%20para%20a%20sua%20prevenção. Acesso em: 25 jun. 2024.

4. ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA. Parkinson nem sempre causa tremor; constipação e insônia também são sinais. Disponível em: https://abneuro.org.br/2021/08/11/parkinson-nem-sempre-causa-tremor-constipacao-e-insonia-tambem-sao-sinais/ Acesso em: 25 jun. 2024.

5. PERIÓDICOS UNIFESP. Doença de Parkinson e Diagnóstico. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br › index.php › article › view Acesso em: 25 jun. 2024.

6. HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Guia de doenças e sintomas: Parkinson. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/parkinson. Acesso em: 25 jun. 2024.

7. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DA DOENÇA DE PARKINSON. How Parkinson’s Disease is Diagnosed. Disponível em: https://www.apdaparkinson.org/what-is-parkinsons/diagnosing/. Acesso em: 25 jun. 2024.

8. REVISTAS USP. Uso de escalas para avaliação da doença de Parkinson. Disponível em: https://www.revistas.usp.br › article › download Acesso em: 25 jun. 2024.

9. EDISCIPLINAS USP. Escala de HY_Parkinson. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7965403/mod_resource/content/1/ESCALA%20DE%20HY_Parkinson.pdf Acesso em: 25 jun. 2024.

10. EDISCIPLINAS USP. Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7469522/mod_resource/content/1/MDS_UPDRS.pdf Acesso em: 25 jun. 2024.

11. INTERNATIONAL PARKINSON AND MOVEMENT DISORDER SOCIETY. The MDS-sponsored Revision of the Unified Parkinson’s Disease Rating Scale. Disponível em:  https://www.movementdisorders.org/MDS-Files1/PDFs/Rating-Scales/MDS-UPDRS_Portuguese_Official_Translation.pdf Acesso em: 25 jun. 2024.

12. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DA DOENÇA DE PARKINSON. New laboratory tests for Parkinson’s Disease. Disponível em: https://www.apdaparkinson.org/article/new-laboratory-tests-for-parkinsons-disease/. Acesso em: 25 jun. 2024.


BR-INST-CNS-2400001